Ao começar o confinamento, uma equipa de ensino em estratégia digital não pode, nem tem razões para estremecer.

Calhou a mim e ao Filipe Almeida estrear o novo formato, cada um com os seus desafios.

O Filipe, que dá o módulo de “Digital Analytics – Métricas e Avaliação de Performance Digital” onde se apoia na realização de exercícios práticos de forma a cimentar melhor os conceitos teóricos.

Na minha parte, “Comunicação Digital e Gestão de Reputação”, implica fazer as pessoas mudar a forma de pensar e provocar o contra-ponto de ideias.

Os obstáculos

Em contexto de sala de aula é fácil puxar pelas pessoas. É fácil perceber quem está mais distraído, quem ouviu mas está com dúvidas, que pessoas estão com mais vontade de participar.

Via Zoom a comunicação não verbal é muito mais escassa. As pessoas têm a escolha de não querer ligar a câmera, e por mais que se queira, é impossível prestar atenção às expressões de toda a gente que estiver ligada.

A comunicação com a turma também precisou de ser repensada. Com menos oportunidades de interacção cara-a-cara há mais dúvidas, e é preciso diversificar os conteúdos que são distribuídos.

As soluções

Cada um optou por caminhos diferentes para o mesmo objectivo. O Filipe recorreu às funções do Zoom para criar dinâmicas de trabalho de grupo, enquanto que eu procurei criar novas oportunidades de diálogo entre os alunos e de 1-para-1.

Parte desse plano passou por criar um micro-site onde alojar os slides usados nas aulas online e a gravação das mesmas. Além disso, o site servia de portal para artigos deste blog que explicavam alguns dos temas.

E se por um lado a pandemia nos tirou a dinâmica de conversa presencial, por outro criou as condições para usar o Zoom e outros canais como forma de ter conversas mais ricas.

Ao longo da formação os alunos puderam reservar 1h de conversa, em grupos com um máximo de 6 pessoas, para tirar dúvidas ou apresentar outros temas relacionados com o módulo.

Esta parte foi extra ao plano de aulas. Havia um calendário de disponibilidade acessível a todos e onde cada elemento se podia inscrever. Estas sessões de conversa tornaram-se bastante ricas, não só no diálogo, mas porque também permitiu recolher a opinião das pessoas sobre como tornar as aulas seguintes mais produtivas.

Percebendo as dúvidas de alguns, era possível abordar o tema nos outros canais de diálogo.

Usar o slack tornou-se uma das vantagens. Por ser mais prático do que a troca de emails e porque se podem partilhar conteúdos paralelos sem interromper muito o que é central à Pós-Graduação. (Sim, incluíndo fotos de gatos.)

Resultou?

Marta F. Cardoso

Organizar aulas virtuais quando toda a pós-graduação estava estruturada pedagogicamente para ser presencial, não foi com certeza uma tarefa fácil. Também para nós, alunos e alunas, foi uma adaptação difícil. No entanto, penso que de forma natural conseguimos colmatar todas as lacunas que poderiam vir a existir da falta de contacto físico. Foi uma boa experiência, com desafios, mas interactiva e dinâmica. Só tenho a agradecer a todos os professores que se predispuseram a continuar a ensinar nestes moldes.

sofia cruz

De início foi muito desafiante, porque foi uma transição muito abrupta numa altura em que eu só queria é que se esquecessem todos da pós-graduação e não viessem com ideias de dar aulas online.

Fiquei um bocado em pânico quando nos disseram que iríamos retomar mas foi bom perceber que tiveram o cuidado de gravar as aulas: no meu caso isso foi importante porque nem sempre me foi possível estar presente. Nota: eu não acho obrigatório nem mesmo necessário ou sequer desejável, gravar aulas só porque são online. Neste caso foi mesmo só porque não tinha onde deixar os miudos por isto ser uma situação extraordinária.

No caso do teu módulo, tiveste sempre muito cuidado com a criação de conteúdo específico, para além das gravações, o que é muito bom para explorar vários tipos de aprendizagem (afinal somos todos diferentes) e, se no início isso nos deixou um pouco desconfortáveis pela quantidade e dispersão dos materiais: é mais simples estar numa sala fisicamente com um tipo do outro lado a debitar matéria; acabaste por criar um modelo que funcionou. Na verdade, tornou-se ate mais desafiante porque nos colocaste numa posição mais ativa.

Mas é inegável a qualidade dos materiais que nos deixaste. E que nos ouviste quando nos queixámos que não tínhamos tempo para ver os teus materiais E AINDA manter a conversa aos sábados de manhã em que está tudo a dormir e a participação da turma é reduzida: com o nosso feedback soubeste ouvir e reagir montando um modelo mais ajustado às nossas necessidades.

Sim, os sábados de manhã são terríveis! E não é nada motivante (nem para vocês, presumo) um écran cheio de quadradinhos com nomes que muitas vezes nem se percebe se estão mesmo lá pessoas do outro lado. Estas aulas precisam de dinâmica mesmo.

Gostei muito das salas simultâneas que o Filipe começou a fazer com exercícios e acho que esse tipo de dinâmica é uma boa solução para este tipo de aula à distância: obriga a abrir a pestana, é o que se quer 😁

De resto, nota 5+ (em 5 LOL) pela disponibilidade e vontade de criar ali uma comunidade entre nós e pelo feedback individualizado aos trabalhos finais.

Só vos posso agradecer!

Daqui para a frente

Vamos imaginar que por um passe de magia desaparece o coronavírus. Faz sentido abandonar estas práticas?

Ter um canal paralelo para a comunicação e passagem de conhecimento sempre fez sentido e é uma coisa que o David Monteiro tem advogado desde a primeira edição.

E as nossas aulas nunca se limitaram ao que estava no horário. É comum ficar um grupo após terminar a aula, a esclarecer alguma questão, ou a pedir opinião sobre o trabalho final.

Vamos poder aplicar o que funcionou para ter uma formação que vá além do que está nos livros.

Do lado da coordenação científica vieram actualizações para acompanhar os temas da indústria. Inbound Marketing, Storytelling, e Workshops temáticos são algumas das novidades para a 7ª Edição.

E agora?

Agora está na altura de preparar a 7ª edição de Comunicação e Estratégia Digital em 2021.