Antes de se falar de relações públicas online é importante mencionar o que são relações públicas numa perspectiva mais “tradicional”.
E as definições de relações públicas são várias. Grunig explica relações públicas como The management of communication between an organisation and it’s publics
– Grunig e Hunt (1984); mas outras definições vão focar-se mais em alguns objectivos da disciplina: To Influence the behaviour of groups of people in relation to each other. Influence should be exerted through dialogue – not monologue – with all different corporate audiences, (…) acting as a strategic resource and helping to implement corporate strategy
– White and Mazur (1996).
Em 2004, o Chartered Institute for Public Relations definia relações públicas como the discipline which looks after reputation(…)
. Enquanto que Cutlip se referia a relações públicas como: the management function that establishes and maintains mutually beneficial relationships between an organization and the publics on whom its success or failure depends.
– Cutlip et al. (2000).
Qualquer uma destas definições coloca a concepção e gestão de instrumentos de comunicação do lado das relações públicas. Sem que isso invalide o recurso a outras disciplinas, como o design gráfico, meios audiovisuais, de modo a criar uma equipa multidisciplinar de comunicação. Mas as relações públicas são também a voz activa da organização e a disciplina que deve contribuir para a estratégia corporativa.
A web, como uma rede de tecnologias e plataforma de comunicação é um dos instrumentos de comunicação nos quais as relações públicas devem agir. Um dos primeiros livros que abordou a prática de relações públicas foi o do professor David Phillips, que entretanto foi actualizado.
Esta primeira abordagem sobre relações públicas online não contemplava algumas características da web. Como por exemplo o facto de ela ser um local onde a informação se encontra dispersa e por vezes fragmentada, colocando em causa a credibilidade dos conteúdos. Outra questão que desta dispersão e fragmentação, é a necessidade de contextualizar a informação e lhe dar um significado. Muitas das vezes usamos motores de busca que nos devolvem uma série de links que não pertencem todos ao mesmo contexto.
Mas mais do que isso, a web veio a ter um impacto enorme nos mercados e nas organizações, tal como explica o Manifesto de Cluetrain. Levou a uma maior transparência e porosidade da organização (no sentido em que a comunicação interna e externa já não se limita aos canais instituidos). A facilidade de comunicação e colaboração coloca mesmo em causa o que entendemos como sendo uma organização.
A juntar a isto, surgiram novos modelos de negócio, novas opções de copyright como o creative commons).
A componente social da web tornou-se tão evidente que surgiu o conceito de web 2.0. Como termo, foi algo cunhado pela O’Reilly e que se pode definir como: More than just the latest technology buzzword, it’s a transformative force that’s propelling companies across all industries towards a new way of doing business characterized by user participation, openness, and network effects.
Quem explica melhor tudo isto e um pouco mais, é Clay Shirky no livro “Here Comes Everybody“.
A tudo isto podemos ainda juntar o facto de as redes sociais servirem de motores de busca, onde podemos recorrer ao nosso capital social como forma de encontrar conteúdo com mais interesse, relevância e contextualização. É por esta razão que os blogs e as redes sociais como os blogs, Linkedin, Hi5, Twitter e Facebook têm tanta importância. No entanto, nada disto invalida que sejam aplicadas técnicas de SEO como estratégia para ajudar a organização a comunicar com o público certo e a combater os problemas de dispersão e fragmentação da informação que foram referidos.
A tudo isto podemos juntar a velocidade com que se comunica hoje em dia e a necessidade de uma reacção rápida por parte das organizações. Não só no que diz respeito à gestão de crises, também na identificação de oportunidades de negócio para a organização.
Hoje em dia, praticar relações públicas passa por dar resposta a todos estes desafios. E na componente online podemos identificar uma série de funções como:
- Criação e gestão de canais/instrumentos de comunicação online
- Gestão das relações
- Investigação, monitorização e avaliação online (boundary spanning)
- Relações com os bloggers
- Gestão de Reputação
- Issue Management
Para uma perspectiva mais condensada de todo este artigo, o melhor mesmo é recorrer à apresentação que criei para uma aula na ESCS e para a conferência no ISCSP. E que eventualmente serviu para o Barcamp 2009 de Coimbra.
Se estiverem à procura de algo relacionado com o tema, a apresentação tem uma série de notas com links para uma série de conteúdos relacionados. Se ainda assim não servir, podem deixar um comentário ou enviar um email, terei todo o gosto em ajudar.