Há uns tempos atrás, falava-se bastante em web 2.0 e nos tempos que correm toda a gente fala na web 3.0 e no que ela significa. É aquilo a que nos referimos como web semântica. Hoje em dia, ouvir falar em web 2.0 irrita-me. E a razão é simples, o termo é uma buzzword, um conceito cunhado pela O’Reilley como me fez perceber o Pedro Custódio. Como buzzword que é, temos a tendência a usar e a abusar nas aplicações do conceito. Para agravar surgem “especialistas” em web 2.0 e em “social media” que falam em maravilhas, cheios de entusiasmo e números de estudos recentes, a provar que a web 2.0 é tudo o que a organização precisa.
Um artigo no Jornal Sol ainda me fez mais confusão, não pelo teor mas pela forma como se falou do conceito:
Mas como estão os governos e serviços públicos a aderir a esta tendência?
Como está a decorrer a sua implementação concreta?
Que riscos e benefícios apresenta no contexto do eGovernment?
Como adoptar a «Web 2.0»?
Que erros evitar?
Não me parece correcto falar na web 2.0 como algo que se “adopte” ou “implemente”. Não estamos a falar de software ou de hardware.
E enquanto em Portugal estamos a falar de social media e web 2.0, já se começa a falar de web semântica. Aposto que todos já vimos este filme: surge uma ideia que é discutida, usada, descontextualizada, mal utilizada e finalmente descredibilizada.
No caso da web semântica já noto isso em círculos mais fechados. Poucos entendem o conceito e ainda não vi ninguém a mostrar exemplos concretos de aplicações para web semântica. Para clarificar toda a confusão a respeito do conceito, encontrei o Road Map de Sir Tim Berners-Lee.
Inicialmente, quem me chamou à atenção para o potencial dos microformatos foi o André Luis e o José Joaquim.
O primeiro, além de me mostrar alguns exemplos de microformatos a ser aplicados no PlanetGeek, mostrou-me alguns plugins de firefox que conseguem pegar nesses microformatos, dar contexto à informação e permitir ao utilizador realizar acções apropriadas a esse contexto.
Por exemplo, os plugins de firefox Tails Export e Operator identificam dados de contacto através de microformatos e geram cartões pessoais para download. Mais tarde esses cartões podem ser usados para guardar a informação extraida em qualquer suporte. [
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O que finalmente me convenceu a respeito do valor dos microformatos para a web semântica foi a apresentação que o André Luis fez para o Barcamp do ano passado (2008):
Acredito que ja está bem na altura de dar mais atenção à web semântica e à aplicação de microformatos no conteúdo dos blogs e outros instrumentos de comunicação online. Será o próximo passo na optimização para motores de busca e não será algo que apenas facilita a descoberta de informação relevante. Será algo que vai permitir uma perspectiva muito mais clara do uso que é dado à informação que encontramos na web.
Foi a pensar nisso que criei uma prova de conceito que estou a testar na morada www.brunoamaral.eu. Não se trata apenas de um Curriculo online, é ainda uma série de páginas onde usei as especificações de hResume.
O André tem um projecto a que chamou XFN Explorer que demonstra bem o potencial deste género de website:A lógica é simples, através da primeira página e dos microformatos, o sistema identifica as redes onde eu participo e as pessoas que estão nessas mesmas redes. Mas podemos ir mais longe, unindo os microformatos ao OpenSocial, OpenID ou outra tecnologia semelhante. Eventualmente vamos estar a criar uma base de conteúdos semânticos que os motores de busca poderão usar para recolher, avaliar e dar contexto à informação que procuramos.