A entrada das agências de comunicação na blogosfera está a trazer uma dinâmica diferente aos blogs. Por um lado está a ajudar a mostrar que os blogs são para ser levados a sério. Pelo outro obriga-nos a ponderar uma série de questões que ainda nenhum dos blogs destas agências apresentou.

Mas vamos dar um passo atrás. Já expliquei que não me sinto incluido em nenhum dos grupos públicos que vejo na blogosfera de comunicação. Perdoem-me a falta de nome melhor, mas ainda não encontrei expressão para explicar a blogosfera dos profissionais de comunicação e dos geeks. Estes últimos estão incluidos porque são eles que estão na vanguarda dos meios de comunicação.

Quando o Hi5, Facebook e orkut chegaram às páginas dos jornais já eram cantigas antigas para muita gente. Os geeks já dominaram os blogs e as redes de blogs há muito tempo. E só agora é que as agências de comunicação dão os primeiros passos e tropeçam nos atacadores.

Mas nem se dão muito mal. Pelo menos ainda não notei que tenha estalado a primeira crise a envolver o blog de uma agência. Mas já estivemos perto. No blog de Luís Paixão Martins toda a gente ficou a perguntar “O que se passa ali?” quando se falou do Futebol Clube do Porto. Mas depois de um blip a blogosfera partiu para outra.

O blog de uma agência não é um mero blog corporativo. Esses nem sempre têm como clientes outras empresas. E quando querem publicar algo raramente têm de ponderar a forma como a sua imparcialidade e a relação com o cliente se conjugam.

Steve Rubel, da Edelman, menciona com frequência os seus clientes. A ideia é apostar na transparência e frontalidade. Mas até ele já tropeçou quando estava a usar o twitter e mencionou um dos clientes.

Ultimamente tenho visto várias agências portuguesas de comunicação a apostar em blogs. No entanto, é raro ver uma ligação clara dos blogs à lista de clientes. Basta um post que tenha um disclaimer ou mostre a relação entre o autor do post e a empresa que é mencionada.

A falta de uma postura ética e do cumprimento das regras deontológicas tornam-se mais fáceis de perceber online. É possível analisar o conteúdo e perceber a agenda editorial dos blogs. Mais, podemos contrapor com os jornais e as acções de comunicação das mesmas empresas. O mesmo se passa a respeito das relações entre rivais.

Tratando-se de profissionais de comunicação, não deveria haver ninguém mais sensível a estas questões e à forma como podem influenciar a agência onde trabalham. Certo?…