O nosso dia a dia é feito de coisas sem qualquer interesse. Sair de casa, entrar no carro, chegar ao trabalho e outras coisas banais. Mas isso não quer dizer que o dia a dia seja previsível. A qualquer momento podemos ser interrompidos por alguém que está perdido e quer indicações, podemos presenciar um acidente e ter de chamar socorro.

No meu caso, fui alvo de uma mera brincadeira ao chegar à escola para as aulas de mestrado. E exagerei. Podia ter sacudido os ombros e seguido caminho, mas a verdade é que por vezes as emoções chegam primeiro. Chamaram-me à atenção e assumi que agi mal.

E como se espera, hoje em dia há sempre alguém de telemóvel em punho para filmar.

Seguindo a visão de George Orwell no livro “1984” podemos chegar ao ponto de dizer que cada um de nós tem o potencial de se tornar em Big Brother pelo acesso facilitado à criação, publicação e difusão.

A questão que se coloca é se queremos viver nesse género de mundo. E a verdade é que ele já é uma realidade e não há nada que se possa fazer. O que se passa é que ainda existem as duas visões de contrato social. Na primeira, cabe às instituições e à moral regular os bons costumes, respeitam-se os direitos de imagem e a esfera privada de cada um. Na segunda visão do contrato social, policiamo-nos mutuamente.

O caso do Sidekick roubado é paradigmático de um extremo deste novo contrato social.

Neste novo contrato social somos todos responsabilizáveis pelos nossos actos, mesmo as empresas ou outras instituições. E por mais constrangimentos que isso nos traga, os benefícios podem ser igualmente valiosos.

O novo contrato social obriga-nos a avaliar constantemente quem queremos ser e como nos queremos inserir em sociedade. Não estamos é habituados às sanções e à tecnologia que fazem parte deste novo contrato.

Na minha parte a conclusão é mais simples. Exagerei e estou arrependido, aprendi algo sobre mim e espero conseguir evitar o erro se voltar a estar numa situação semelhante.