Sempre que encontro algum código de conduta de uma agência, tento ler com o máximo de atenção. Especialmente se for dirigido aos bloggers.

Mas em Portugal não se tem visto muito neste campo. Conheço o código de conduta da Lift, que ainda está em fase inicial. E contribui com alguns comentários para o código de conduta do PTblogs, uma iniciativa do Armando Alves.

Nos dois casos há falhas que só percebi depois de uma conversa com o professor Thomas Pleil.

Em nenhum dos casos se pensou nos aspectos culturais.

E respeitar a cultura não significa apenas aceitar as diferenças, significa também tomar medidas para que a comunicação seja de 1 para 1, simétrica e horizontal. Simétrica por ambas as partes estarem na pose da mesma informação e horizontal para não haver desniveis de hierarquia.

É bastante fácil para alguém com experiência de trabalho numa agência de comunicação retirar vantagem das diferenças culturais. Sejam entre países ou regiões.

Outro aspecto que ficou por considerar foi a obrigatoriedade de publicação. Se uma agência contacta um blogger é preciso que ele esteja a par de que não é obrigado a publicar um artigo positivo. De facto, não é sequer obrigado a publicar o que quer que seja.

No entanto, o contacto com um blogger pode não ser apenas um email. Pode ser um convite para um evento, a participação numa visita guiada ou outro género de interacção. Imaginem por exemplo uma visita a uma exposição de carros de luxo, patrocinada por uma das marcas. Se dermos os moldes certos a esta visita, o blogger facilmente se sentirá moralmente obrigado a escrever algo. E se se tratar de um blogger de outro pais, as diferenças culturais podem fazê-lo sentir-se forçado a escrever algo, como forma de retribuir toda a hospitabilidade.

Este género de questões também surgem na interacção com os meios de comunicação social mais tradicionais. A diferença é que um jornalista tem uma redacção como guia e sabe gerir a relação com a agência.