No ISCSP ensinaram-me a ver as Relações Públicas como uma Doutrina. Por isso é que me faz alguma confusão quando se referem a relações públicas como uma ferramenta do marketing, da comunicação empresarial ou politica.

Se estivermos a falar de Relações Públicas como Doutrina ou Disciplina, ela não se limita aos processos de comunicação ou de pesquisa junto do público. Envolve a estratégia e a cultura da empresa, o posicionamento de mercado e a criação de mecanismos que coordenem tudo isto. Aos quais temos ainda de acrescentar o respeito pelos códigos de ética típicos das Relações Públicas – O Código de Lisboa e o Código de Atenas.

Dar às Relações Públicas o papel de ferramenta da comunicação politica ou empresarial significa que recorremos a elas para as funções técnicas. Funções como emitir comunicados de imprensa, organizar eventos, planear elementos e canais de comunicação.

Não há nada de mal com isso, obviamente. Mas é um desperdício de potencial, como cortar papel a laser quando um xis-acto teria o mesmo efeito.

Assumir as relações públicas como doutrina, significa que temos de colocar o respectivo gabinete numa posição paralela a todos os departamentos da empresa. Ou seja, o gabinete de relações públicas terá a possibilidade de aconselhar um rumo para a organização e outras funções de apoio à tomada de decisão.

Claro que se uma organização não puder suportar o custo de um gabinete de relações públicas deste género, o ideal é contratar profissionais para realizar as funções mais técnicas. Desta forma, vai caber à administração guiar o gabinete como achar melhor. É uma situação eficaz, mas pouco eficiente. Ocupa a administração da empresa com funções que podia facilmente delegar e perde-se tempo e energia que são cada vez mais preciosos.

Em suma, ambas as formas de entender as relações públicas estão correctas. No entanto temos de ter uma ideia clara de qual está em jogo quando se trata de comentar o tema.